Cláudio Peres, voluntário do Instituto Olhar, falece aos 59 anos
Não somos acostumados a dizer adeus, preferimos um “até logo”, um “tchau” ou até mesmo o silêncio. O adeus é sempre doloroso, ainda que muitas vezes seja necessário, por mais que seja tentador pensar nas relações humanas como algo infinito, é como o compositor Renato Russo disse numa canção: “o pra sempre, sempre acaba”.
Só que as pessoas partem, mas ficam as lembranças. A cada lembrança o laço se fortalece ainda que a ausência seja definitiva, é a compensação que a vida nos dá ante a certeza irreversível da morte. É por isso que o Instituto Olhar e a Rede Bioclínica sempre terão um laço afetivo com Cláudio de Araújo Peres, conhecido carinhosamente como seu Peres, falecido na madrugada do último domingo, (25), aos 59 anos de idade, vítima de mal súbito.
Seu Peres, era um dos voluntários mais atuantes do Instituto Olhar, esteve conosco desde a fundação, movido pela disposição de lutar pelo direito de ver. Foi o mais nobre dos guerreiros e usava as palavras como arma. Homem de poucos estudos, mas de vasto conhecimento, era uma fonte inesgotável de informações, sobretudo em relação ao glaucoma, doença da qual era portador.
Por incontáveis vezes auxiliou os colegas dos grupos de convivência do Instituto Olhar e usuários do Programa de Atenção ao Portador de Glaucoma (PAPG). Sempre trazia informações pertinentes que colhia em suas leituras e conversas com médicos da Rede Bioclinica, em especial o Dr. Luiz Dantas que o acolheu desde o início para ser parte da Luta Coletiva pelo Direito de Ver.
Ler era uma de suas paixões e nem mesmo o glaucoma conseguiu desfazer esse amor, também era amante de cinema e adorava jogar xadrez. Foi a maneira que encontrou para fugir da ignorância resultante de uma vida de privações e poucas oportunidades. A generosidade de seu Peres era proporcional às dificuldades que enfrentava, não guardava o que aprendia para si, seu prazer era dividir o aprendizado com as pessoas ao redor.
“Era um ser humano simples, de coração grande e com vasta experiência de vida, que cativou muitas pessoas pela forma de se expressar, pela sua capacidade de criar vínculos rapidamente, de ser afetuoso. Somos gratas por todos os seus sábios ensinamentos, pelas lições que ele nos deixou!”, afirmam as assistentes sociais do Instituto Olhar, Fernanda Martins e Priscila Adriano.
Seu Peres deixou vários ensinamentos para todos que conviveram com ele. O exercício da generosidade talvez seja o mais valioso deles, mas não apenas o único, também nos ensinou que lutar é preciso independentemente das dificuldades e cicatrizes que acumulamos em cada batalha. E assim como cantou Renato Russo em uma de suas mais bonitas canções, “nada vai conseguir mudar o que ficou”.
Nossos sentimentos a todos os amigos e familiares de seu Peres.