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Instituto Olhar debate a Lei Maria da Penha e a violência doméstica

6 de fevereiro de 2017 Categoria: EventosNotícias

Quem nunca ouviu o ditado popular “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”?, essa afirmação tão comum pressupõe a passividade diante de um crime de violência doméstica e familiar contra a mulher previsto no Código Penal Brasileiro. As rodas de conversa realizadas na última semana nos grupos de convivência “Olhar”, “Renascer” e “Recordar é Viver” debateram a Lei Maria da Penha, instrumento da Justiça Brasileira no combate a esse tipo de violência tão comum em nosso país.

Entre outros assuntos relacionados ao tema, foi debatida a necessidade de uma lei específica para proteger as mulheres. Os dados do Ministério da Justiça respondem bem a esse questionamento. A cada duas horas, uma mulher é assassinada e a cada dois minutos, cinco mulheres são violentamente agredidas no Brasil. Números como estes colocam nosso país em 7º lugar, entre as nações que mais praticam violência contra a mulher no mundo em ranking da Organização das Nações Unidas (ONU), contendo 84 países.

É preciso enxergar além e ver o que está por trás dessa violência. Foi nesse sentido que as estagiárias de serviço social Tayana Santana e Layla Beatriz, mediadoras das rodas de conversa sob a supervisão das assistentes sociais do Instituto Olhar, Priscila Adriano e Fernanda Martins, descortinaram o papel de protagonismo que o machismo representa neste cenário violento.

Não demorou para surgirem depoimentos que comprovam que a violência doméstica é mais comum do que gostaríamos de admitir. Várias participantes dos nossos grupos relataram abusos sofridos, tanto psicológicos quanto físicos.
“Eu tinha um marido que nada do que eu fazia era bom pra ele. Ele sempre me humilhava e me jogava pra baixo. Terminamos nosso casamento e eu sofri muito. Mas me recuperei e hoje estou vivendo e vivendo muito bem” conta Rosana.

Já dona Edna é testemunha ocular de um relacionamento abusivo e teme pela vida de sua comadre. Ela conta que após décadas de um casamento regado a traições e maus-tratos, viu sua amiga tentar por fim à relação. O marido, inconformado, se negou a sair de casa e ainda agrediu com uma faca a sua esposa quando descobriu que ela estava tentando recomeçar a vida ao lado de outra pessoa.

Drama semelhante viveu dona Idália, dois dos seus casamentos foram com maridos que a agrediam, inicialmente, de maneira verbal, mas que logo se transformaram em agressões físicas. Ela no entanto, não se intimidou e pôs fim nos dois relacionamentos abusivos.

Seu José de Ribamar Mendes e Dona Eunice Mendes foram na contramão e trouxeram um pouco de esperança ao contar um pouco de sua história.

“Vim de outro relacionamento que não tinha dado certo. Desde que a conheci ela é o meu tesouro, a melhor coisa que tenho na vida. Os filhos dela (oriundos de um outro casamento) me tratam como pai. E eu sinto orgulho de poder dizer isso”, afirma seu José para uma Eunice risonha e envergonhada.

“Já são 35 anos juntos. E 35 anos não é pouca coisa. A gente não briga, nem discute. Tudo que ele faz é combinando comigo antes e eu faço do mesmo jeito com ele. Somos só nós dois morando juntos e somos felizes”, complementa Eunice.

Omissão não é o caminho

É dever de qualquer pessoa não se omitir diante de um episódio de violência contra a mulher, não é preciso intervir pessoalmente nas agressões, para isso existe a polícia. É possível denunciar de forma anônima ligando para o disque denúncia (ver serviço) mantido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal, o serviço funciona 24 horas por dia.

Quem é Maria da Penha?

maria da penha

Maria da Penha Fernandes é uma farmacêutica bioquímica que se notabilizou por buscar justiça contra duas tentativas de homicídio e diversas agressões que sofria do ex-marido. Ela se tornou símbolo da luta pela criminalização da violência contra a mulher que culminou na criação da Lei 11.340/2006, que leva o seu nome. A Lei Maria da Penha é reconhecida como um dos dispositivos legais mais avançados do mundo na proteção à mulher e na luta contra a violência doméstica.

Serviço: Não se cale, denuncie!
Delegacia de Defesa da Mulher:

Rua Manuelito Moreira, 12, Centro;

Fone: 3101-2495

Centro Estadual de Referência e Apoio à Mulher (CERAM)

  • Rua Padre Francisco Pinto, n° 363 Benfica;
  • Fone: (85) 3101-2383.

Centro Municipal de Referência e Apoio à Mulher Francisca Clotilde de Fortaleza

  • Rua Gervásio de Castro, n° 54 – Benfica;
  • Fone/Fax: (85) 3105-3417.

Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher:

  • Avenida da Universidade, 3281- Benfica;
  • Fone: (85) 34338785/ Fax: (85) 34338787.

Promotoria de Justiça de combate a violência doméstica e familiar contra a mulher

  • Rua: Walderi Uchoa, 260. Benfica;
  • Contato: (85) 32142230.

Núcleo de Enfrentamento à Mulher Vítima de Violência da Defensoria Pública – NUDEM

  • Rua Padre Francisco Pinto, n° 363 – Benfica;
  • Fone: (85) 3101.2259.

As próximas reuniões dos grupos de convivência do Instituto Olhar serão nos dias 15, 16  e 17 de Fevereiro, às 09h30.

Mais informações: 3033-2333.

*Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados.