Notícias

Resgatando memórias, renovando afetos

3 de novembro de 2016 Categoria: Notícias
José Milton do Nascimento e Raimunda Gonçalves. 47 anos de amor e cumplicidade
José Milton do Nascimento e Raimunda Gonçalves. 47 anos de amor e cumplicidade

A data exata já se perdeu na memória desgastada pelo tempo, mas os acontecimentos daquele dia do já distante ano de 1969 permanecem vivos e intactos nas mentes e corações do senhor José Milton do Nascimento e da senhora Raimunda Gonçalves.

José Milton contava então 29 anos de idade, alguns relacionamentos mal sucedidos e uma tremenda dor de cabeça para tratar. Dona Raimunda, seis anos mais velha, enfermeira já experiente, tinha a solidariedade e a empatia como principais qualidades no exercício da função.

Foi no auge das dores de José Milton que sua história esbarrou com a de Raimunda, nos corredores da Santa Casa de Misericórdia. De lá para cá já são 47 anos de união.

Munidos da certeza que só os apaixonados possuem, logo iniciaram um  relacionamento ainda no hospital. Amor que só crescia a cada atualização no prontuário, a cada troca de turno e a cada exame feito pelo paciente.

Saíram juntos da Santa Casa para desbravar a vida. Um filho é o fruto dessa odisseia cotidiana. Ao contrário do que ocorre com muitos casais, o relacionamento de José Milton e dona Raimunda não findou com o fim de uma estação.

“Muitas secas e invernos atravessamos juntos e muitos outros vamos atravessar”, afirma o convicto seu José.

Quis o tempo que os papéis se invertessem e dona Raimunda passou a  ser cuidada por José Milton quando ela perdeu a visão por causa do glaucoma. Os dois são membros do Recordar é Viver, um dos grupos de convivência do Instituto Olhar, voltado para portadores do glaucoma, mas que é aberto a quem quiser comparecer aos encontros.

Na manhã desta quinta-feira, 03, a alegria e cumplicidade do casal contagiou todo o grupo. É que dona Raimunda completa 82 anos de vida e a comemoração ocorreu durante a reunião quinzenal do Recordar é Viver. Ela não cabia em si de alegria, não só pela surpresa da festa, mas por seu José Milton estar presente ao seu lado.

“Ele é o meu gato. Companheiro de todas as horas”, afirma, provocando um sorriso acanhado no marido.

O casal nutre o sonho de sacramentar a união da Igreja Católica. São casados no civil, mas problemas com a documentação de dona Raimunda impediram o matrimônio. Mas eles não desistem.

“Se a igreja não quiser casar a gente, vocês abençoam mesmo assim”, brinca seu José.

Resgatando memórias

A roda de conversa mediada pelas assistentes sociais Priscila Adriano e Fernanda Martins teve o resgate de memórias como tema. A ideia é provocar o compartilhamento de lembranças, sobretudo da infância dos participantes do grupo. Brincadeiras, cantigas de roda e brinquedos foram alguns dos temas abordados.